História do município

por cms publicado 28/04/2015 21h16, última modificação 28/04/2015 21h16

Histórico completo do município

Serro Frio – O Distrito dos Diamantes

As primeiras referências da região de Serro Frio são de 1573, quando a expedição de Sebastião Fernandes Tourinho subiu o Rio Doce e atravessou o Rio Jequitinhonha, vindo de Porto Seguro. Localiza-se mais ao Norte da Capitania de Minas, fazendo divisa com as Capitanias da Bahia e Pernambuco e das Comarcas de Sabará e da Vila Rica.

Já no século XVIII, outras expedições paulistas são organizadas com o intuito de busca de ouro, destacando-se o de Fernão dias Pais, que fundou arraiais neste território.

A região começou a ser Comarca de Serro Frio no início do século XVIII.

A área, conforme descrição de Saint-Hilaire, era conhecida como o Distrito dos Diamantes. “... O Distrito dos Diamantes no meio do vasto Império do Brasil. Esse distrito, um dos mais elevados da Província de Minas, está encravado na Comarca de Serro Frio,... “Os primeiros diamantes encontrados em Serro Frio foram descobertos por Bernardo Fonseca Lobo, que ignorava a sua preciosidade”.

Por volta de 1730, os diamantes foram declarados propriedade-real, criando impostos e normas para sua extração e pesquisa. Entretanto, poucos anos depois, estando o governo insatisfeito com a forma de exploração, elaborou-se novas normas, que terminaram em assegurar à Coroa sua exclusividade.

Para a administração da exploração de diamantes, criou-se uma grande estrutura que se iniciava com o “ Intendente dos Diamantes” até a “ Tropa de Negros ”, e o Arraial de Tejuco, demarcado em 1733, situado á margem esquerda do Rio Jequitinhonha é que a acolhe.

Em 13 de outubro de 1831, este arraial foi elevado à Vila, já com a denominação de Diamantina, conforme resolução da Assembléia Geral, com os povoados de Rio Manso (hoje, Couto de Magalhães de Minas ), Curimatã, Picarrão, Rabelo e Cotâmio.

 

Rio Manso foi elevado à distrito de Diamantina em 1939.

 

 O Arraial Rio Manso no Distrito dos Diamantes observando os registros  cartográficos de 1978 de José Joaquim da Rocha, o Arraial de Rio Manso aparece na Comarca de Serro Frio, localizando-se perto de Tijuco, depois da travessia do Rio Jequitinhonha, indo em direção a Araçuaí.

Neste mesmo registro podemos observar que “ Rio Manso “ aparece com indicação de  “capellas e registros, goardas e patrulhas de soldados”.

Conforme Raimundo Cunha de Matos, em 1927, o bandeirante  Brás Esteves, que vivia no nordeste da Vila do Príncipe, encontrando-se adoentado, convocou Sebastião Leme do Prado com outros paulistas para sair em busca de pedrarias e ouro nos sertões do Rio Piauí. Esta expedição atravessou o Rio Araçuaí, chegando à cabeceira do Rio Fonado, iniciando-se na região a exploração de ouro. Como encontraram metal misturado ao cascalho estavam resolvidos a montar acampamento neste lugar.

Logo após, outros aventureiros relataram que haviam encontrado muito metal precioso nas imediações do Rio Araçuaí, no Arraial de Rio Manso. Alguns moradores mais antigos de Couto de Magalhães confirmam que Sebastião Leme do Prado foi quem  explorou esta região. Relatam ainda que este grupo permaneceu no local por dois dias, quando foram atacados por uma epidemia que acreditavam ser  febre amarela, por estarem em uma região cercada por matas alagadas pelo excesso de água do Rio Jequitinhonha, no período de chuvas. Com a morte de alguns companheiros, resolveram migrar seguindo o curso do Rio Jequitinhonha e vão fundar o povoado de Minas Novas do Tornado, hoje Minas Novas.

 

 

 

Rio Manso – Distrito do Tijuco

   O Arraial do Rio Manso, que teve seu descobrimento ligado à exploração de pedras preciosas, não se desenvolveu muito devido à rígida administração do monopólio real.

Com a decadência da mineração, as suas terras muito férteis passaram a ter outra exploração. Com isso, floresce a agricultura de toda região e surge o comércio dos tropeiros.

No Arraial de Rio Manso, conforme fontes orais, existiu um pouso de tropeiros, na antiga Rua Direita, hoje Av. Diamantina, onde localizam-se um conjunto de edificações do período colonial.

Em outro relato de Augusto Saint- Hílare, ele observa que nas plantações da região, tanto frutíferas quanto de legumes, são muitas delas oriundas da Europa e produzem de forma diferenciada no Tejuco e nos Arraiais. “O capim-angola não floresce no Tejuco, enquanto que em Rio Manso, a poucas léguas de distância, mas em muito menor altitude, ela frutifica bem...”

Até os dias de hoje, nota-se em Couto de Magalhães  grande número de pomares nos quintais das casas e jardins, com espécies não nativas de Minas Gerais.

Com a implantação da agricultura aliada à grande Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha, surgem os moinhos d’água para o processamento de milho. Esses moinhos foram por muito tempo parte da paisagem rural, normalmente agrupados em conjunto, aproveitando as quedas d’água.

No início dos primeiros anos do século XX, os moinhos eram comparados aos engenhos de rapadura. “...o movimento maior era no fubá e na rapadura.Somente no Povoado de Amendoim tinha vinte e dois engenhos rodando fazendo rapadura, assim como os moinhos d’água fazendo fubá toda semana. Levando fubá para Diamantina”. Um desse conjuntos, que chegou a ser composto de quinze moinhos, pertence à Fazenda Felícia, nos arredores da sede do município. Atualmente, existe somente quatro moinhos, que tem Tombamento Municipal. Na área rural ainda observa-se alguns desses moinhos, mas isoladamente.

Uma das características dos moinhos é que seus proprietários não são os donos dos terrenos onde eles se localizam. Como para o funcionamento dos moinhos é aproveitada a queda  natural da água dos rios são arrendadas pequenas áreas de terreno para suas instalações.

Este panorama de plantações, pomares e moinhos era ressaltado até em anúncios de venda de chácaras, como podemos ver em um jornal de Diamantina.

“...vende-se a sua chácara, vizinha do Arraial do Rio Manso a qual além de casas para morar, tem moinhos, rodas de mandioca, boas plantações, excellente aguada, e um pomar dos melhores que se pode desejar...”

Ainda ligada ao apogeu da exploração de diamantes, são destaques em Couto de Magalhães de Minas as Igrejas Nossa Senhora da Conceição e Igreja Bom Jesus do Matozinhos, que tiveram reconhecimento estadual em 1977, com seus tombamentos, conforme decreto n°18.531, de 02 de janeiro de 1977.

Nas visitas pastorais de Don Frei José da Santíssima Trindade(1821-1825) é relatada que o Rio Manso tem capelas filiais a Freguesia de Santo Antônio de Tijuco, instituído no século XVIII e foi elevada á categoria de paróquia colativa em 1819, desmembrada da freguesia da Vila do Príncipe.

Existem controvérsias em relação à data precisa da construção da Igreja Nossa senhora da Conceição. Alguns apontam como anterior a 1779, devido às pinturas existentes em seu interior, atribuídas ao guarda-mor José Soares de Araújo que era desta época.

Há outras fontes bibliográficas de que “ foi erigida por provisão episcopal de novembro de 1828 ”.

A  freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Rio Manso foi criada em  17 julho de 1853, com o primeiro vigário o Padre Manoel José Lourenço de Seixas.

Consta que o terceiro vigário foi o Padre Domingos Nogueira Pinto, que era natural de Diamantina, no período de 1° de outubro de 1846 até 29 de setembro de 1847. Este Padre faleceu em 1851.

Quanto às referências da construção da Igreja Bom Jesus do Matozinhos, seriam no final do século XVIII e início do século XIX.

Estes exemplares de arquitetura colonial passaram por várias reformas ao longo de sua existência. Há referências de recursos destinados à obras nas igrejas.

O pequeno Arraial que teve sua ocupação urbana ao longo da estrada de ligação do antigo Tijuco com o restante do Vale Jequitinhonha, dividido pelo Rio manso, vai prosperando em volta das igrejas. Existem referências de ocupação urbana no Largo da Matriz de Matozinhos no início do século XX. O Sr. Manoel Ferreira dos Anjos, residente em Rio Manso, solicita à comissão de Finanças da Câmara Municipal de Diamantina um terreno neste largo para fazer uma edificação.

O antigo Rio Manso com o passar dos anos, no final do século XIX e início do século XX, consolida-se como núcleo urbano: têm arrecadação de impostos, “ Estação telphonica” e a escola pública. Embora no mapa de 1777 da comarca de Serro Frio, haver menção da existência de guardas e patrulhas de soldados, não se sabe nenhuma informação precisa sobre este fato, onde alguns cidadãos são citados como patentes do major.

Sabe-se por fontes orais, sem comprovação documentária, que no final do século XIX existia uma escola mista que tinha como professora Dona Mariana. Posteriormente, trabalhou nesta escola Dona Guida, ao qual foi sucedida por Dona Maria José Pereira, mais conhecida como Mestra Naná.

O ensino foi melhor implementado a partir da década de 40, do século XX, com a criação das escolas reunidas, com a professora Maria da Conceição Gomes de Oliveira e também foi criado o primeiro grupo escolar, inaugurado em fevereiro de 1955, no governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Sua primeira diretora foi Evave Maria Ribeiro Sá.

No cartório de Notas de Couto de Magalhães , encontra-se livros de Atas, Escrituras, Proclamos e Registros de casamentos da Igreja Bom Jesus do Matozinhos, a partir de 1864, quando o escrivão de Paz de Rio Manso era Joaquim Ribeiro Fonseca. Em pesquisa a estes livros observamos os nomes de algumas famílias como: Guimarães, Alcântara, Gonçalves e Freitas, que conforme informações orais, muitos deles vieram de Portugal.

Nota-se nestes mesmos arquivos referentes à arrecadação de impostos e despesas do município de Diamantina que não existiam  muitos investimentos no Arraial, por parte da Prefeitura de Diamantina, o que também pode ser observado pelo grande número de notas constando reclamações  sobre a má conservação das pontes das estradas que ligava a região à Diamantina.

Em 17 de dezembro de1938, o Arraial de Rio Manso foi elevado a paróquia, tendo seu nome mudado para Couto de Magalhães, em homenagem ao político e escritor José Vieira Couto de Magalhães, nascido em diamantina em 19 de agosto de 1752, filho de um negociante de pedras preciosas e formado em direito em São Paulo.

 

 

Rio Manso e sua Ocupação Rural

 

 

 CANJICAS:

 

O povoado de São Gonçalo de Canjicas teve origem em meados do século XIX, ainda ligado à exploração de diamantes. O nome “ Canjicas ” está vinculado às características do ouro encontrado na região, granulados em forma de “ canjicas ”.

O pequeno povoado foi habitado por escravos trazidos do Arraial do Tijuco para trabalharem na extração do ouro, diamantes e outras pedras preciosas. O lugarejo se desenvolveu, com edificação de pequena volumetria, e características peculiares, organizada em Ruas  A, B, e C, em torno de uma capela, erguida pelos próprios moradores com os seus conhecimentos da época.

A capela possui como inovação, São Gonçalo, que tem uma imaginária esculpida em madeira com o mesmo nome em seu interior. Existe uma lenda contada pelos moradores de como ela surgiu no povoado: “...ela aparecia próximo onde é o cemitério e quando alguém a recolhia e levava para casa, ela sempre voltava para o mesmo lugar. Foi então que umas  velhas escravas construíram um altarzinho de barro para colocar a imagem. Com o passar do tempo construíram a Capela para São Gonçalo”.

Atualmente, há na capela outras imagens mais antigas em madeira, sem nenhuma referência: Nossa Senhora da Conceição, São Sebastião, São Francisco de Assis e Nossa Senhora das Dores, bem como outras de faturas mais recente de gesso. No acervo da igreja consta também crucifixos de madeira, castiçais, material litúrgico e processual e quadros.

Em Canjicas, com o declínio da mineração, a população passou a produzir farinha de mandioca, temperos e sabão preto para serem comercializados fora do povoado. Os equipamentos para fabricação desses produtos são rudimentares, trazidos ainda por seus antepassados.

 

TOMÉ:

 

O povoado de Tomé teve sua origem por volta dos anos 20 do século XX, pela ação dos tropeiros, que em grande parte vinham da região de Planalto, Felício do Santos, Capelinha e outras regiões, e faziam a rota por São Tomé para chegar a Diamantina, com burros e cavalos carregados de toucinho, milho, rapadura e feijão.

Os tropeiros vindos da Bahia traziam cargas de algodão para fábrica de tecidos em Biribiri, fazendo pouso no rancho de tropas do Sr. João Miranda e do Sr. Miguel Rocha.  De acordo com moradores mais antigos, o nome Tomé, surgiu a partir dos seus primeiros habitantes, de nome Tomé. Eles possuíam uma pequena venda que se tornou ponto de referência do local,e o povoado ficou  então conhecido como“Tomé “.

Na década de 70 do século XX, a região passou a desenvolver o plantio de soja, feijão, e café. O grande empreendedor dessas novas culturas foi um japonês  de nome Kassiuik Okumura que possibilitou a geração de novos empregos e também projetou e constituiu a capela de Santo Antônio, com a planta circular.

O Córrego Tomé, um dos afluentes do Rio Jequitinhonha, fez parte deste povoado, possuindo em uma área de cerrado onde predomina a vegetação rasteira, arbóreo e arbustiva, uma cachoeira conhecida com Sete Quedas.

Outro bem natural de destaque neste povoado é um poço de água cristalina denominado  Água Santa.

 

  TIJUCUSSU:

 

Este povoado iniciou-se com uma fazenda, a de Tijucussu, que tem tombamento municipal. Suas primeiras referências são do século XIX, quando o Sr. Cristovão Miranda construiu uma pequena casa, que foi adquirida pelo Sr. Miguel Barbosa em 1930, o qual aumentou a sua edificação construindo uma capela. Após a década de 50, funcionou aí, por muitos anos  uma escola, com as aulas ministradas pela Sra. Conceição, moradora do local.

Hoje, há algumas casas na região da fatura das últimas décadas do século XX, com escola e economia de produção de gêneros de primeira necessidade, comercializados na sede urbana.

 

ABÓBORAS:

 

 Não há referência documental deste povoado. Sabe-se que havia uma grande extensão de terra da propriedade do Sr. Genesco Ferreira de Freitas, e com o passar dos anos além da família, alguns arrendários também passaram a habitar o local, tornando-se hoje um pequeno povoado.

O nome “ Abóboras “ surgiu devido ao descarrilhamento de um carro de bois, carregado de abóboras, que terminou com a morte dos bois, quebrando o carro e perdendo toda a mercadoria.

Em sua paisagem natural destaca-se a Lapa dos Cabritos (com paredes adornadas por pinturas rupestres), e o Sumidouro “um abrigo rochoso”.

 

 GANGORRAS:

 

 Na região não existe nenhum aglomerado urbano, apenas edificações pertencentes aos proprietários. Possui um moinho implantado a beira do córrego Gangorra, com vegetação de serrado. Este moinho pertence  à família Barbosa, que ainda vive na região, porém, hoje o produto é somente para o próprio consumo.

 

CACHOEIRA DA FÁBRICA:

 

Na segunda metade do século XIX, passaram por esta região alguns americanos à procura de ouro e diamantes, onde encontraram uma cachoeira e decidiram então construir uma fábrica de tecidos. Porém, logo após o início das fundações, perceberam que não tinham dinheiro suficiente para a obra e partiram em busca de recursos na sua terra de origem, deixando um deles para tomar conta: O Sr. José Americano. Como nunca retornaram, as terras foram vendidas pelos filhos do Sr. José Americano e devido às fundações já existentes da fábrica, o local ficou conhecido como Cachoeira da Fábrica.

 

BANANAL:

 

Nesta região não existe nenhum aglomerado urbano. Em 1890 esta região pertencia ao Sr. João de Deus Fernandes, e com o passar do tempo foi vendida por partes. O nome “ Bananal “ está vinculado a grande produção de bananas. A região destaca-se com sua paisagem natural  que abriga algumas cachoeiras.